sexta-feira, 5 de junho de 2009

447

Para onde foi aquele pássaro?
Como foi que deixou
esse céu azul?

Fora ele banhar no mar?
Ou terá partido para
o infinito sul?

O que aconteceu
com suas penas, tão
diversas e coloridas?
Estarão elas unidas em abrigo,
ou estarão só, pensando
em suas famílias?

Diga-me pássaro:
Como foi que seu bico
parou de respirar?
Quando foi que
perdeste o instinto
e desaprendeu a voar?

Algo sábio como tu
não pode nos deixar
sem resposta. Enquanto
a angústia nos corrói...

Enquanto esperamos-te na costa...

Para onde foi
aquele pássaro?
Quem poderá descobrir?

Estará ele esperando
por nós, ou, brutalmente,
deixou de existir?


Por 228 minutos de silêncio

terça-feira, 2 de junho de 2009

Melhor lugar

Se fosse por mim
Eu ficava
Mas vê como tudo lá fora mudou
O tempo passou
Feito um louco
Quebrando as vidraças
E a gente ficou
Aqui, sem ter bem pra onde ir,
Por medo ou preguiça
Aqui, ilhado por nós
Sequer rastreados por nem um radar
Aqui parecia ser o melhor lugar

Quem disse que a gente precisa
Perder um ao outro pra se encontrar
Se nada nos prende ao passado
Não é o futuro que vai separar

Enfim,
Encosta seu barco em mim
Que o sol já se pôs
A sós
O mundo termina
Na fina fronteira dos nossos lençóis
Em nós
Espalham-se os laços
Desfazem-se os nós

Sonhamos paisagens, compramos passagem
E nunca voamos pra lá
Enfim
Passeia sua boca em mim
Até me calar
Aqui ainda parece o melhor lugar

Jorge Vercilo e Dudu Falcão

segunda-feira, 1 de junho de 2009

...poemas que roubei...

Reservado para poemas que adoro...
Poemas de grandes artistas, de outras pessoas, que acabei roubando pra mim...
~~~~~***~~~~~
Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.

Manoel Bandeira

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Domingo faço aniversário...

Domingo eu faço aniversário...
E este ano percebi que já não me acompanha mais a ansiedade de outros tempos, a ânsia pela festa, pelos presentes e pelos telefonemas dos amigos e parentes queridos.

Hoje não gasto a semana imaginado se ganharei aquela coisa que desejava "do fundo da minha alma", que roupa usarei e o que pedirei quando apagar as velinhas.
Faltam dois dias para o meu aniversário, e a única coisa que tenho pensado é sobre a brevidade da vida, a velocidade do tempo e as conquistas que alcancei nesses últimos doze meses (as que não alcancei também invadem esses pensamentos, mas eu trato de despistá-las, para não invadir-me a tristeza).

Não sinto mais medo de que aquela pessoa que tanto gosto se esqueça da data e passe por mim desejando um solitário "bom dia". Tenho medo de não ter dito a ela o quanto é especial, e o quanto gosto de sua amizade.
Embora ainda goste de comemorações, não me anima mais convidar dezenas de pessoas para ter uma festa de "arromba". Prefiro escolhe-las a dedo, para que desfrutem comigo uma noite simples, e que estejam presentes antes pela consideração do que pelo interesse.

Domingo eu faço aniversário...
E percebi que, talvez, demore anos para uma pessoa crescer, realmente. Ou melhor, que ela cresce todo ano, mas pode levar muito mais - ou muito menos - que isso para perceber o quanto cresceu.

Domingo faço aniversário, pela vigésima terceira vez, mas é pela primeira que percebo que realmente irei crescer...

Terei que inventar um pedido na hora??
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Francy´s obrigada pelo comentário!!
Andei ausente sim...o trabalho anda consumindo todo meu tempo.
Tentei agradecer, mas não posso acessar seu blog... Então, fica aqui meu agradecimento!
Atitudes assim, nos motivam a escrever...
Bjs e bom final de semana a todos!!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

...pedaços de mim...

Pedaços de mim é uma outra seção, na qual publicarei pensamentos, sentimentos e relatos cotidianos de maneira subjetiva. Aqui falarei da realidade que vivo, do ponto de vista do coração, não razão. Dos conflitos que sofro internamente, calada, e que quando raciocinados geram mais dúvidas que respostas.

Talvez alguém se reconheça, talvez não.
Talvez alguém possa me ajudar, ou não.
Não importa...

São partes de mim, que não confio a ninguém (por isso me vale o anonimato) e coloco no papel para poder desabafar, "esvaziar" a cabeça e organizar os sentimentos mais confusos.
Às vezes soarão sem nexo, outras mal escrita. Não reparem, por favor, o objetivo é deixar o coração falar livremente, sem ser interrompido por regras gramaticais e estilos de escrita.
Basta que consiga expressar o que carrego aqui dentro. O que sem dúvida nenhuma, torna tudo mais difícil...

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Passo meses esperando um sinal seu e, como isso não acontece, tento convencer a mim mesma que "desta vez é pra nunca mais".

Isso não é um trabalho fácil. É difícil ter que deletar memórias que você se acostumou a usar, ter que reviver lembranças que evita pensar, só pra ter certeza de que tudo foi jogado fora.

Quando passam os meses de sua ausência, passam também os dias que passo tentando te esquecer. E quando eu, finalmente, começo a acreditar (mesmo desconfiadamente) que nosso amor é uma ilusão, você aparece!

Não pessoalmente como eu sempre quis...

Mesmo assim, sua presença virtual, marcada por uma mensagem, de no máximo 200 caracteres, consegue reacender tudo aquilo que levei centenas de horas para apagar.

E todos aqueles pensamentos do tipo "ele não quer mais saber de você, por isso não te responde" se desfazem quando olham o tom de sinceridade pensente na pequena frase que você escreveu: "você sumiu, mande notícias!".
Aquele ciclo vicioso colta a preencher minhas tardes tediosas...
E nem é preciso que alguém adivinhe o futuro dessa história, quando eu mesma já sei o roteiro de cor:

Voltaremos a nos falar, despertaremos os sentimentos adormecidos.
Num possível caso fortuito nos encontraremos, daremos um olá de encontro e um beijo de despedida.

Voltaremos para casa medindo a consciência e tentando constatar o que pesa mais: o encontro de um Amor Especial, ou a mentira que esconde a traição.

Depois recordaremos o momento, nos arrependeremos por não termos feito isso ou aquilo e, quando a rotina dos dias comuns voltar a nos importunar, deixaremos tudo isso - DE NOVO - na estante dos velhos sentimentos.

Continuarei a tentar te esquecer e, de tempo em tempos, voltarei a imaginar um futuro com você (só porque já me acostumei com isso).

E assim seguirão outras horas, dias, meses e anos... até uma nova mensagem ou até um novo reencontro.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Poesia cantada

O título do post era pra ser o título de uma seção, mas sou nova nesse ramo de blogs e ainda não sei criar uma. Então, enquanto eu não descubro como fazer isso, postarei sempre o mesmo título, embora o post seja diferente a cada publicação.

A idéia é publicar músicas bem escritas e que, de fato, são boas poesias. Como o que interessa é o autor da letra e não o intérprete da canção e/ou seu gênero musical, darei os créditos ao compositor e não cantor.

Vocês também podem ajudar, é só sugerir uma música que tenham rimas ricas e versos bem escritos! Ficarei feliz com a participação de todos!

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MEU EU EM VOCÊ

Victor Chaves

Eu sou o brilho dos teus olhos ao me olhar
Sou o teu sorriso ao ganhar um beijo meu
Eu sou teu corpo inteiro a se arrepiar
Quando em meus braços você se acolheu

Eu sou o teu segredo mais oculto
Teu desejo mais profundo, o teu querer
Tua fome de prazer sem disfarçar
Sou a fonte de alegria, sou o teu sonhar

Eu sou a tua sombra, eu sou teu guia
Sou o teu luar em plena luz do dia
Sou tua pele, proteção, sou o teu calor
Eu sou teu cheiro a perfumar o nosso amor

Eu sou tua saudade reprimida
Sou o teu sangrar ao ver minha partida
Sou o teu peito a apelar, gritar de dor
Ao se ver ainda mais distante do meu amor

Sou teu ego, tua alma
Sou teu céu, o teu inferno a tua calma
Eu sou teu tudo, sou teu nada
Minha pequena, és minha amada
Eu sou o teu mundo, sou teu poder
Sou tua vida, sou meu eu em você.


sexta-feira, 24 de abril de 2009

Soneto esquecido

Andei sumida, desapareci...
Quis esquecer meus problemas
e de mim me esqueci.

Abandonei meus poemas
pois são eles minha alma.
Não quis confessar a niguém,
nem a mim, o abandono de minha calma.

Agora retorno, envergonhada
e convencida de que, quando o
dom não se trabalha a
inspiração se finda!

Resta-me, então, atrás dela correr
antes que me acabe o dom e
eu não consiga escrever.